28 de novembro de 2013

Repare bem no que eu não digo

Ainda me lembro muito bem de como as coisas começaram. Nós dois sentados ali na areia, conversando sobre sabe-se lá o que. Você estava tão linda que por um momento me perguntei se eu realmente estava ali. E estava, com a melhor companhia que eu poderia estar. Não demorou muito para que nós nos tornássemos amigos. Na verdade, muito mais do que isso, mas deixemos assim.

Passamos muitos dias nos falando ao telefone. Papo vai, papo vem e a gente nunca se cansava. Era hora de nos encontrarmos de novo e nós sabíamos bem disso. Depois de tantos elogios e indiretas soltar pelo ar, aquela vontade de saciar os nossos desejos em comum precisava ser eliminada. Por um motivo meio que proposital, retornamos à praia onde tudo começou. Você já estava ali me esperando e, sem querer, me peguei sorrindo sem motivo algum.

Em certos momentos nós não precisamos dizer alguma coisa para expressar o que estamos sentindo.

Enquanto conversamos, risadas surgem de forma espontânea e, sem você perceber, eu já estava me aproximando cada vez mais de você. Um sorriso prolongado foi a deixa para rolar o nosso primeiro beijo. E que beijo! Confesso que superou as minhas expectativas, haha! E dali por diante, a gente se via numa frequência bem maior.

Foi quando me dei conta de que não podia mais continuar com aquilo. Eu queria mais e ia sempre querer mais. Mas eu não sabia se você queria o mesmo. E o meu medo de arriscar, bom, ele apareceu (e eu dei um jeito de eliminá-lo). Perguntei se você toparia em dar mais um passo. E qual foi a minha surpresa, você respondeu que sim, porém com uma condição: apenas se eu estivesse ao seu lado.

"É, tem coisas que nada nessa vida pode pagar".
E sorri.

22 de novembro de 2013

O tempo

O sol nasceu mais uma vez, temos que aproveitar
O relógio toca, é hora de acordar

Tic-Tac

Veja quanta beleza há lá fora
Vamos comemorar

Tic-Tac

Enquanto o tempo passar por aí, eu me divirto por aqui
Vivo na espera de dias melhores
Eles estão por vir, eles hão de vir

Tic-Tac

Depressa, meu amor
A sessão já vai começar

Tic-Tac

Sente-se aqui, me dê a mão
Hoje eu escolhi algo diferente

Tic-Tac

Não quero mais ver a vida passar

Tic-Tac

Tic
Tac

15 de novembro de 2013

Acasos

Veja só aquela garota, há horas que está me encarando. Não consigo desviar o olhar, pois não sou adepto a isso. Fico encarando-a de volta e assim ficamos durante um bom tempo. 

Ela com os amigos não se mostra tímida, pelo contrário, é muito desinibida, não tem medo de executar as coisas e de sofrer as consequências caso algo dê errado. Mas no fundo, eu sei, ela é daquelas pessoas que gostam de ficar sozinhas em algum canto lamentando pelo que lhe foi tirado.

E é aí que eu entro na história. 

Vou até ela, sem medo, sorriso no rosto. Pergunto se quer algo pra beber e se aqueles caras são, de fato, amigos dela. Ela diz que sim, mas que já está cansada daquilo tudo e que prefere sair, dar uma volta, essas coisas. Então pego em sua mão e a arrasto balada afora. 

Conversamos sobre várias coisas, inclusive sobre amores feridos. Eu tenho, ela também, nada é perfeito. 

Nos encontramos do nada e talvez o nada nos espere. Ou pode ser o tudo. Nunca se sabe. Eu vou tentar, não tenho nada a perder.

Passam-se os dias e o encanto apenas aumenta. Começamos a nos falar mais, de diversas formas. É nessas horas em que agradeço profundamente a inclusão digital. Ela, às vezes, pode melhorar muitas coisas, inclusive um relacionamento que ainda nem começou.

Por tanto tempo não passava por essas coisas que já nem sei se o que to fazendo é certo ou não. Sabe, essas coisas de pegar na mão, levar pra tomar sorvete ou assistir uma comédia romântica no cinema. Se é brega ou não, eu realmente não sei. Mas que é bom, ah, isso com certeza é.

Chegou num ponto em que não consegui mais disfarçar. É inevitável não segurar a felicidade no momento em que a vejo vindo em minha direção, sorrindo para mim. Já é amor, não vou negar. Se a maré tá braba por aí pouco importa, a minha tá calma e eu vou aproveitar o momento. 

"Vamos de dois nos tornar apenas um?" 
Ela respondeu sim.

Ponto pra mim.

14 de novembro de 2013

Watch the world burn

Já parou para pensar, algum dia, no quanto podíamos ter sido diferentes?

Olhe a sua volta. Pense em quanto você fez e no quanto recebeu em troca. A balança da vida pode não estar de acordo com as suas expectativas, mas o que vale, realmente, é saber que tudo o que foi feito não foi em vão. Todas as palavras, todas as promessas, todos os defeitos, tudo...

É impossível que durante toda a sua existência você tenha tido apenas deslizes. Cara, pare! Presta atenção em quem tá com você, em quem não te abandonou, veja onde é que o nosso mundo foi parar. Agradeça sempre pelo que você tem. Se você tem foi porque conseguiu, e se conseguiu foi porque mereceu. 

De tantas barbáries que rodeiam o mundo, o melhor mesmo é gostar de quem você é.

As pessoas nunca vão ser iguais. O tempo muda, as pessoas também. Não me importo muito em continuar seguindo com os iguais diferentes, pois veja só o quanto cresci; o quanto amadureci. Eu não preciso que me digam o que devo fazer, até porque eu sei muito bem do que sou capaz. Eu sei dos meus potenciais, eu sei aonde todo esse caminho percorrido há de me levar.

E sobre todos aqueles que já cruzaram comigo em algum momento e não estão mais aqui: fazer o que. Se não fui o melhor para eles, para alguém devo ser. As coisas vêm, fazem o que deve ser feito e se vão. Acontece, não tem muito com o que se preocupar não, bota um sorriso na cara e vai que vai.

Pra certas coisas a gente consegue achar um conserto.
Pra outras, deixa que o conserto as encontre. 

Perder meu tempo é coisa que já não faço mais. Deixa de lado o que deve ser deixado. Na situação em que o mundo está, ele mesmo vai dar conta do que deve dar.

Não diga nada agora, apenas observe tudo a sua volta.
Você consegue ver o mundo se perdendo?

11 de novembro de 2013

Completamente errado

Tudo a minha volta permanece em constante mudança. Mudanças boas, mudanças ruins. Mudanças. Ideias que vem, ideias que vão. Tudo se torna esboço quando erro a direção. Quero mudar, quero viver, quero fluir, quero sair, quero voar, quero errar. Errar a pequena dança que me fascina, que me distrai.

Eu hoje sonhei que estava seguindo outra direção. Pra longe, pra bem longe. Às vezes penso que realmente vivi tudo aquilo. A sensação era real, o pensamento pairava sobre o ar, nada mais importava. A não ser as palavras que, lentamente, lamentava.

Completamente errado.

Os sentimentos que hoje se intensificam. De maneira errada, de maneira que devasta. Penso em tudo aquilo que quis, que já fiz. E hoje... hoje eu só quero distância de quem não me quer bem. Por tanto já passei e tanto me perdi que se me perguntarem pra onde devo ir, respondo na hora que é pra onde o vento permitir.

Permissão concedida.

E voei.
E caí.
E sobrevivi.

Errado.
Completamente.

9 de novembro de 2013

Capítulo 1: o fim

O (meu) mundo girou mais uma vez. E olha só onde ele me levou dessa vez, um lugar que jamais pensei em estar. Tranquilo, às vezes até demais, onde apenas os meus mais altos pensamentos ecoam imensidão afora. Sem problemas, de tanto enfrentá-los dia após dia, acabam sendo como uma canção para os meus ouvidos. Metaforicamente.

Resolvi colocar um ponto final em tudo aquilo que tive participação. Foi até melhor, todas as dúvidas que rondavam a minha cabeça enfim foram sanadas. E eu to aqui, vivão. Nada demais aconteceu, além de, é claro, algumas palavras que seriam ainda melhores se não tivessem sido ditas. Mas agora, quem se importa com isso?

Aprendi com meus piores erros que são neles que podemos encontrar algo de bom ali. No meu caso, o lado bom foi o meu crescimento. Comecei a sair mais (quem diria, hein?), conheci novas pessoas, aprendi a respeitar e, o melhor, a ser respeitado. Me dei conta de que tem muita gente por aí que realmente gosta de mim e que quer o meu bem. Então pra que me prender a algo que me trouxe apenas noites mal dormidas e cama vazia?

Me libertei. De um vício, de você. Sim, você foi o meu maior vício (e o pior também). De tanto querer você, comecei a te enxergar nos lugares mais inusitados, lugares onde eu tinha certeza que você jamais estaria. Faz parte, o coração é meio bobo mesmo. Mas tá tudo bem, mesmo que você esteja em algum desses lugares agora, pra mim tanto faz.

Você vai voltar algum dia e eu sei bem disso, mas escreva aí em algum papel perdido: eu não quero mais. Já perdi muitos meses da minha vida esperando você. Esperando por apenas um beijo de despedida. Nem isso eu ganhei. Foi tudo tão repentino, não foi?

A vida é tão curta, meu bem. Ainda tenho muitos capítulos dessa história pra escrever. Você foi apenas um deles. E um dos bons, diga-se de passagem. Não é qualquer um que aguenta cargas excessivas de amor, paixão, comédia, drama, suspense e terror em uma mesma história. Coisa de louco. Mas acabou.

Só passei aqui mesmo pra te deixar o final desse manuscrito. Depois de quase um ano trabalhando nisso, ele enfim não me pertence mais. Confesso que teve o desfecho que eu queria. Mas não seria ético de minha parte se não o entregasse para quem me ajudou começar a escrevê-lo.

Tá aí, exemplar único, proibida a venda. Agora sim você pode fazer o que quiser com ele. É seu. Não mais meu.

Capítulo 2: o começo. 

1 de novembro de 2013

Hell o win

É noite de Halloween. Crianças andam pra lá e pra cá pedindo doces de porta em porta. Não tenho nada para lhes oferecer, apenas um pacote de cigarros pela metade. Acho que não será muito bem vindo pelos pais dessas pequenas criaturas inocentes. Sinto saudade dessa minha inocência. A minha doce e saudável inocência. Quando crescemos, nada mais volta a ser como era antes. Acontece, são coisas inevitáveis.

Tem um menino ali que me lembra muito de quando eu era menor. Miúdo, meio tristonho e deslocado no meio de tantas crianças. É perceptível que está fazendo o que na verdade não quer. A fantasia? Múmia (ha-ha). Tropeçou na faixa que encobre seu corpo. Caiu. Fui até ele e o ajudei a levantar. Ele agradece e corre em direção aos colegas. Meio desengonçado, ainda tropeçando. Percebi que o que menos queria era ficar perto de um cara desconhecido e meio estranho. Já até acostumei, tá tudo bem.

Lembro-me de um ano em que minha mãe me vestiu de vampiro. Desenhou olheiras, comprou dentadura falsa e até mesmo aquelas bolsas de sangue artificial. Nunca entendi o porquê daquilo tudo. Mas era mãe, sabe como é, a única coisa dessa vida que precisamos fazer sem pestanejar é obedecer a sua mãe. Segundo ela, eu ia atrair várias vampirinhas. Qualé, mãe, eu já tenho 15 anos, posso atrair bem mais do que sugadoras de sangue - pensei.

O tempo foi passando e, a cada ano, me transformava em um monstro diferente. De vampiro fui pra fantasma, de fantasma fui pra lobisomem e de lobisomem fui pra zumbi. Nunca gostei dessas coisas. Nunca tive medo também. Só aceitava em participar dessa data comemorativa pelo simples fato de todas as crianças e adolescentes do bairro estarem por ali, zanzando de porta em porta implorando por gostosuras ou travessuras. Pelo menos em um dia do ano eu não me sentia o garoto deslocado fazendo coisas estranhas diante das pessoas.

Hoje se me perguntarem se levo a sério a festa do Halloween, digo que não. Mas se mudarem a pergunta para saber se levo a sério esses monstros que a garotada tanto se veste, respondo que sim. Conforme o tempo foi passando, adquiri um certo medo de monstros. Mas não vampiros, fantasmas, lobisomens ou zumbis que tanto interpretei na minha infância. O monstro que mais temo é bem pior do que tudo isso. Ele está bem mais próximo da realidade do que esses citados.

Esse monstro não espera o dia 31 de outubro para atacar. Ele ataca todos os dias. Em qualquer lugar. A qualquer hora. Esse monstro não tem nome, não tem tamanho. A cada dia ele pode estar camuflado de um jeito. E, disso, eu tenho muito medo. Afinal, os monstros que mais tememos encontram-se dentro de nós mesmos.