28 de junho de 2012

1 eu + 1 você

A: Você vem, eu me calo.

B: Desculpe, o que?

A: Me calo.

B: Fale.

A: Não posso. Você veio. E eu me calo.

B: Não estou entendendo. Você me ligou.

A: Sim, pra você vir.

B: Então.

A: Então que a tua parte foi feita. A minha estou fazendo agora.

B: Você é complicado. Não sei pra que tudo isso. Você ligou, eu vim. Pronto.

A: E agora?

B: E agora o que?

A: Você vai embora?

B: Você quer que eu vá embora?

A: Não.

B: Então eu fico.

A: Mas assim eu continuo calado.

B: Afinal, o que você quer?

A: Você.

Silêncio

B: Você vem...

A: ...e eu me calo. É isso.

22 de junho de 2012

Um dia daqueles

22 de junho. Sexta-feira. 7:15h da manhã. Despertador toca. E eu, como sempre, preguiçoso pra levantar. Enrolo um pouco, resmungo, viro pro lado. Não dá, levanto. Lavo meu rosto, faço um café, me arrumo e saio rumo a academia. Deu vontade. Estava chovendo. Mas fui. Eu e meu guarda-chuva. Meu maior problema é não olhar por onde ando. Dito e feito, poça de lama. Dou uma limpada por cima. Continuo andando. A chuva tinha parado. Meu humor melhorou um pouco. Um pouco. Volta a chover. Abro o guarda-chuva. Dou 10 passos e a porcaria da chuva aumenta. Ainda não sei o porquê de existir um objeto feito para te proteger da chuva sendo que ele não exerce sua função. Eis que resolvo voltar pra casa. Estava todo encharcado, eu que não ia chegar em um lugar público daquele jeito. Como castigo, a chuva aumenta mais um pouco. Aí eu desisto de tudo, meu fiel guarda-chuva já tinha virado no casaco. Mas to tranquilo, minha casa fica logo ali, virando a esquina. Só que nem todo mundo sabe disso. Inclusive o caminhoneiro que passou agora a pouco por mim. E que, diga-se de passagem, passou por um buraco e me molhou mais um pouco da canela pra cima. Legal, belo começo de dia. Ainda tenho o resto dele pra viver. Ou me foder. Nessas circunstâncias, tanto faz.

Quem tá na chuva é pra se molhar. Literalmente.

5 de junho de 2012

Ausência

Escolhas vêm e vão, memórias são inevitáveis. E o que passou, não vai mais voltar. Promessas são feitas para serem quebradas, já dizia o ditado. Não procure a perfeição, ninguém é perfeito. Sempre terá aquele que irá te ferir. Vai doer, mas pra tudo há uma solução, e o tempo é uma delas. As feridas irão cicatrizar. E toda vez que tu olhar pra elas, lembrarás de como não deves ser, de como aquilo foi cruel. Nem as mais belas palavras, de versos errados, irão fazer você escutar como escutava antigamente. Criam-se barreiras, tudo se torna suspeito. Tu já não te reconheces, teu reflexo não mostra quem és realmente. Um vulto. Sim, tu és um vulto. Sem nitidez, sem expressão. Tu és um suspeito. Não para ti, mas sim para qualquer outro. Será que basta apenas errar para obter um crescimento? E o que se pode ver, nem sempre é verdade. Ilusões estão por todas as partes. A ausência deixa rastros. Ela deixa algo (ou alguém) alterado. Ela deixa a saudade. Saudade dói, saudade machuca. Quando se dá conta, estás a ponto de fazer loucuras. Tu sequer pensas, já está indo em direção ao abismo. É quando escuta aquela voz. Aquela que ecoa sempre quando está lhe faltando algo.

Ela diz volta. E você não volta.


Escrito em: 01/06/2010