23 de setembro de 2012

Muda

Tudo muda. E se não mudou é porque ainda vai mudar. Não importa o motivo, não importa o momento. Chega uma hora que tudo é obrigado a mudar. E o que nos resta é apenas aceitar. A tal da lei da vida nos ensinou isso. O que ela não ensinou é o fato de aceitarmos tudo numa boa. Sempre vai rolar as discussões, os desentendimentos. E a vergonha. Porque um dia você vai passar dos limites.

Não, ninguém é obrigado a aguentar tudo. Tem certas coisas que, realmente, ficam presas na garganta. Não desce. E você vai tentar entender o porquê daquilo tudo. Ou vai lembrar de tudo...

Das risadas, das lágrimas, das brigas com seus supostos amigos (ou amores), das conversas, das músicas marcantes.

Mas o que se deve ter em mente é que, assim como tudo muda, tudo passa também.

A mágoa passa, o choro passa, a angústia passa, o amor passa.

E, agora, o que nos resta não é mais aceitar. Mas sim, caminhar. Segue seu caminho, uma hora tudo há de mudar.

12 de setembro de 2012

Pedido

"Feche os olhos."
"Pra que?"
"Apenas feche."

A contragosto, ele fechou.

"Agora faça um pedido."
"Hã?"
"Isso mesmo."
"Um pedido?"
"É."
"Mas eu peço isso todos os dias. E não tá dando muito certo."
"Peça."
"O que?"
"O que você quer?"
"Você?"
"Estamos falando de você. Me esqueça por um momento."

Ele não queria. A única coisa que desejava era ter aquela guria ao seu lado. Mas ela não entendia. Ou não queria.

"Certo. Olha só, se eu fizer o pedido, você faz um também?"
"Faço."
"Mas não é um seu. É meu."
"Seu?"
"É."
"Por quê?"
"Eu to pedindo, você pode fazer isso?"

Desconfiada, ela concorda.

"Já fez o seu pedido?"
"Já. Você?"
"Eu?"
"Fez o seu?"
"Mas você falou que não iria ser um meu, mas sim um seu."
"Falei."
"Então."

Ele não sabia como pedir aquilo. Há tanto tempo desejava e, agora que podia - talvez - realizar, faltou-lhe coragem.

"Esquece."
"Esquecer?"
"É."
"Esquecer o meu pedido?"
"Sim. E não."
"Não?"
"É pra esquecer o meu pedido. Nunca o seu."
"Mas você nem sabe o que eu ia pedir. Vai que fosse algo bom?"
"Vai que fosse ruim..."
"Você acha?"
"Talvez."
"Não existe talvez. Ou acha ou não acha."
"Qual foi o seu pedido?"
"Não me lembro. Você pediu pra esquecer. Lembra?"
"Do que?"
"Esquece."
"Ok."

Ela ficou inquieta. Não sabia, também, lidar com aquela situação. Ele era seu melhor amigo. Mas será que era só isso mesmo?

"Tá, é o seguinte.. vou te contar o meu pedido. Mas você tem que me contar o seu. Pode ser?"
"Pode."
"Então conte."
"Você primeiro."

Ela não sabia jogar esse jogo. Sempre ficava nervosa, insegura. Mas, de uma vez só, contou o que tinha pedido.

"Eu pedi você."
"Eu?"

Bastou um olhar para responder.

"Sua vez."
"Do que?"
"De contar o que você pediu, talvez."
"Não existe talvez. Ou é ou não é."

Ela, envergonhada, sorriu.

"Você fica linda assim."
"Assim como?"
"Assim."
"Você tá enrolando. Vai contar ou não?"
"Não preciso mais."
"Por quê?"
"Porque o que eu pedi, depois de tanto tempo, acabou de me dizer que eu fui o seu pedido."
"Você me pediu?"

E com um beijo ele respondeu.