B: Tava vivendo.
A: Tava?
B: É.
A: Não tá mais?
B: As coisas mudam.
A: Como...?
B: Cigarros, mulheres, bebidas, essas coisas. Acabam com o indivíduo. Tudo igual.
A: Pelo que me lembre, você estava muito bem uns meses atrás.
B: Eu te disse, as coisas mudam.
A: Certo.
B: E você?
A: O que tem?
B: Tá vivendo.
A: Foi uma pergunta?
B: Não sei. Foi?
A: Sim.
B: Sim o que?
A: Sim, estou vivendo.
B: Ah.
A: Pois é.
B: E como...
A: Como estou vivendo? Simples. Estampa um sorriso falso nessa sua cara e enfrenta o mundo, rapaz. Ninguém irá enfrentá-lo por você.
B: Ah.
A: E tem mais. Eu sei que dói.
B: Dói? Do que você está falando?
A: Antes. Você disse que cigarros, mulheres e bebidas acabam com o indivíduo. Beber e fumar são duas coisas que você sempre fez. E você nunca se deu muito bem com as mulheres, certo? Quero dizer, você é um merda, cara. Me desculpe, mas você é. Então, acho que pela primeira vez, tá doendo algo em ti.
B: Você me pegou.
A: Sua vida não acabou, cara.
B: Não?
A: Pelo contrário.
B: Não te entendo. O que quer dizer?
A: Olhe ao seu redor. Há tanta coisa bela na vida. Aprecie.
B: Como?
A: Aí já é com você. Mas repito, sua vida não acabou. Ela apenas... recomeçou.