25 de outubro de 2016

NOVO BLOG

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10 de outubro de 2016

À procura de um lugar seguro

Trilha sonora: Feita pra fugir - Dandis


Ela é linda. De verdade. Não só por fora, mas por dentro também. Não lembro bem como a conheci, mas desde o começo pude perceber que ela era diferente de todas as outras que já cruzaram o meu caminho. Achei, inclusive, que era na dela, com medo de conversar, receosa mesmo. Ledo engano. O pouco que conversei com ela naquele dia, já se mostrou que é feita para o mundo, cheia de ideias e convicções. Ela me mostrou que é possível seguir os sonhos, sem se importar o que as pessoas próximas a você irão dizer. Se eu achei que ela fosse medrosa, ela me mostrou apenas o contrário. Era brava, corajosa, peito firme. Se queria algo, ia lá e fazia. Não se importava muito com as consequências, ela era feita de imediatismos. Que beleza existir ainda pessoas assim no mundo. Estão tão em falta. Que beleza.

Poucas palavras trocadas me mostraram que além das palavras, também era feita de atitudes. Descobri que ela gostava de ler. Escrever também, mas isso ela fingia que não. Mas eu, com a minha percepção de analisar tudo minuciosamente bem, pude ver que era mentira. Ainda não sei porque vestiu a armadura naquele momento, ela se mostrou tão livre, independente. Talvez já tenham partido o seu coração e isso a fez ser do jeito que é. Ou talvez não, talvez eu esteja me precipitando e a julgando de forma errônea. Pouco importa. A gente se deu bem logo no primeiro sorriso. O dela falava tanto. Tinha um mundo dentro dele. Eu podia ver e imaginar cada sonho que ela carregava consigo. O amor, a amizade, a liberdade, o ser ela mesma. E ela era. Ela era tão ela que não consegui distinguir se o que estava acontecendo era sonho ou realidade. Que delícia conhecer a pureza de um outro ser. Está cada vez mais raro vê-la por aí. Que delícia.

Em um jogo de jeitos e trejeitos, me explicou diversas coisas que sequer consegui entender. Mas ela continuava a falar. Ela tinha paixão nos olhos, tinha sede de mais. Eu só consegui sorrir e concordar com tudo o que dizia. Se ela conseguia ser daquela maneira, por que eu não conseguiria ser também? Não custava nada tentar. Não me doía segurar as mãos dela entre as minhas e dizer o quanto gostaria que ela permanecesse. O quanto ela iluminava, o quanto ela fazia bem a quem estava ao seu redor. Mas a alma dela era desbravadora, ela não queria pertencer a um único lugar. O seu destino era diferente, era grande. Queria conhecer outras pessoas mais, queria sair por aí e ver o que a aguardava. Disse que queria seguir o coração. E o dela, justo naquele momento, dizia para ir embora. Que baque ouvir tudo aquilo, daquela maneira. São poucas as pessoas corajosas e sinceras que chegam a esse ponto. Que baque.

Antes de partir, me disse num sussurro, entre um beijo e outro, que voltaria. Ela me pediu para não esquecê-la. Não tinha nem como, ela era única. Entristeci-me com a forma branda com que lidou com tudo, se estava triste também, não soube expressar. Então a vi atravessando a porta. Coloriu todos os tons de cinzas que a cercavam. Espalhou palavras positivas e sorrisos pelos caminhos que percorria. Sequer percebeu que ao mesmo tempo rasgava corações por aí. Uma rosa com espinhos. Era isso o que ela era. Por achar que sabia tudo, transformava tudo numa briga com o jeito teimoso dela de ser. Que tenha sorte nessa sua longa estrada, meu bem. São poucas as pessoas existentes como você. Belas e errantes. Que tenha sorte.

Durante toda a sua ausência, fiquei preso a esse bar. Junto ao meu copo de uma bebida qualquer, torci para que ela fosse feliz. Torci para que encontrasse o lugar que tanto procurava. Eu sabia bem, não era um peito. E isso a sociedade jamais entenderá. Ela queria ser feliz longe de todas as obrigatoriedades que as pessoas lhe impunham. E eu tenho certeza de que ela foi. Porque em meio a tantas tempestades, ainda sinto a sua presença leve, livre, solta. São poucas as pessoas que se mantém distantes, mas ao mesmo tempo se fazem presentes. Não há trovoadas quando penso nela, apenas motivos para sorrir. Quem sabe ela não deixou uma parte do mundo de seu sorriso para mim? Que maravilha seria se fosse verdade. Lá no fundo, eu sei, não há espaço para mim naquele mundo que ela mesma criou. O mundo do seu coração. É tão bonito ver que ainda há pessoas sonhadoras e capazes de realizarem os seus sonhos. Que maravilha se houvesse ao menos um pedacinho de mim dentre tantos sonhos que ela carrega por aí.

O nosso contato não passou de mais de 30 minutos. O tempo foi pouco, mas foi o suficiente para que ela pudesse me mudar. Ela conseguiu plantar em meu ser o pouco da esperança que havia não só em seu mundo, mas em todo o resto dele também. E então, a partir dessa esperança, eu espero ela voltar. Dia após dia eu espero que ela se preocupe um pouquinho com alguém que não seja ela mesma. Eu espero que ela consiga perceber que quando se soma um sentimento bom a outro, apenas coisas boas brotam dessa junção. Eu espero que ela entenda que, dentre todas as sensações existentes e que ela ocasionalmente já provou, existe uma ainda mais forte que pode mudar todo o curso de sua vida. Eu espero que ela volte e passe por aquela porta. Espero que ela venha e me diga que sempre soube que, apesar de possuir um mundo próprio dentro dela, ela também tinha um novinho para explorar dentro de mim.

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