17 de março de 2016

Cartas sobre o começo do fim

Trilha sonora: P.S. I Hate You - Simple Plan


A que ponto chegamos!
Ainda não consigo acreditar que você, logo você, conseguiu entrar na minha vida, fazer o que quisesse com ela e sair como se NADA tivesse acontecido. Mas olha só, vou te dizer uma coisa: aconteceu sim. E não foi por pouco tempo. Foi por alguns bons anos de nossas vidas. Sim, nossas. Ou você aprendeu a amar sozinha nesse meio tempo que estamos separados? Se aprendeu, por favor, me ensine. Na verdade, não acredito nisso. Não existe isso de amar sozinho. Pode haver, sim, um amor não correspondido, mas sempre haverá um receptor de todo esse sentimento que fora criado. E é uma merda, cara. Porque quando a gente acha que tá tudo se encaminhando, vem um pé de vento do além e derruba tudo o que você tinha construído até ali. 

Não sei direito se foi um pé de vento que cruzou o meio do nosso caminho, e agora também pouco importa o que foi. Algo bom tenho certeza que não foi, até porque se fosse, você não teria sumido assim tão de repente. Não te culpo pelo sumiço, eu também sairia de perto de mim caso pudesse. Os meus defeitos são incontáveis, mas espero que as qualidades consigam preenchê-los. Pelo menos para alguém, já que pra você não deu muito certo. Sabe, tá tudo bem. De verdade. Eu toquei a minha vida normalmente, acordando cedo e dormindo tarde, trabalhando no mesmo local de antes, essas coisas que você considerava, muitas vezes, como algo banal. Mas acredite, elas não são, muito pelo contrário. Esse tipo de rotina te faz perceber o real motivo pelo qual você está se submetendo a aquilo. E eu finalmente percebi. Não o motivo, mas que você não estava mais ao meu lado para desviar o meu foco.

Chega a ser irônico tudo isso. Eu tenho que escrever mais uma vez para você quando jurei te esquecer. A gente nunca mais se viu, nunca mais se falou. Vez ou outra que o porteiro me avisava que tinha correspondência pra mim, mas eu tinha medo de que você fosse a remetente, então jogava todas no lixo antes mesmo de ler cada uma delas.  A gente realmente era bom nesse negócio de viver juntos, né? Bom, pelo menos era pra ser. Na verdade, a gente era sim. Até você fazer o que fez e arruinar com toda a história bonita que tínhamos.

Não sei até que ponto um corpo em inércia pode aguentar tanta ação involuntária vinda de um objeto sem importância alguma. Eu sinceramente não sei.

As pessoas me perguntam de você quando me encontram nas ruas. E eu nunca sei o que responder, se a verdade ou alguma mentira que possa inventar na hora. Acabo sempre escolhendo a segunda opção. Não porque ainda não aprendi a viver sem você, mas pelo simples fato de não querer explicar pela enésima vez que você saltou, pulou do barco, naufragou. Eu sei que foi isso que você fez, você também sabe, mesmo não querendo admitir. E como já disse antes, tá tudo bem. Porque finalmente consegui perceber o quão sufocante você conseguia ser.

Acabou!
Não quero mais me lembrar de você, não quero sequer imaginar como seria a minha vida se ainda estivesse com você. Viver de forma manipuladora eu não quero mais, então faça um favor para mim e para você: não me escreva mais nenhuma vez. Não te suporto e não sei se te suportarei. As suas cartas que jamais li jazem em um fogo que implantei no meio do meu peito, pois é de lá que todo esse sentimento perverso, egoísta e mesquinho não deveria nem ter saído. 

Então não me procure mais não, não quero papo com quem mal consegue se respeitar, imagina respeitar quem está por perto. O sufoco eu não quero mais, nem o charme, as músicas, muito menos as lembranças que você faz questão de enviar junto com essas cartas.

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