4 de setembro de 2016

Já cansei de te esperar



É isso mesmo. Eu cansei e não foi pouco. Confesso que te esperei por muito mais tempo do que deveria, mas você não voltou como havia me prometido. E eu, no fundo, meio que já sabia que isso ia acontecer. Porque é sempre isso que acontece quando me envolvo com alguém: ou ele some ou eu que sumo. Acho que dessa vez a vez era do outro, até porque eu permaneci aqui, imóvel e intacta.

Nunca mais me interessei por ninguém, sabia disso? Pois é, a sua memória ainda me atormenta, ela tá fresquinha aqui ainda. Ainda sinto tudo o que sentia há dois anos atrás, quando você me deu as costas e foi embora. Jurei que você voltaria, pra pegar uma das tuas camisetas de banda, mas não, você não voltou. Tento colocar na minha cabeça que foi melhor assim, mas às vezes não consigo mentir: você faz falta em mim. Me faz tanta falta que sou capaz de voltar aqui dias e dias para falar sobre as mesmas coisas, mas de maneiras diferentes.

Você tinha algo especial pelo qual me apaixonei. Eu não sei se foi o seu sorriso ou a maneira como você fazia eu me sentir em casa. Às vezes pode até ser o jeito como andava em minha direção, com aquele seu olhar único e o sorriso indiscutível que você abria quando eu aparecia em sua frente. Eu sempre achei que aquela sensação que eu sentia, aquele comichão bem na região do meu estômago, ia durar pra sempre. Pelo visto eu me enganei novamente. Até prefiro pensar que foi bom enquanto durou, mas o meu coração não está aceitando isso tão bem assim. E eu nem culpo tanto ele, pois você prometeu voltar e olha aí, alguns dias, meses e até anos se passaram e nada de você entrar por aquela porta mais uma vez.

Eu tentei te guardar em mim, tentei mesmo, mas você foi sumindo aos poucos da minha maneira superficial de ser. Enquanto os dias passavam e eu era obrigada a vivê-los um a um, um pedaço de ti se esvaía de mim. Primeiro foi o cheiro, depois o gosto, por fim o semblante. Aquele semblante que eu já considerava como meu, apesar de tudo. Mas, como já disse lá no início, a tua memória ainda atormenta. As lembranças são tão lindas e tão sofridas que eu ainda custo a esquecê-las. Na verdade, uma parte de mim não quer esquecê-las, mas a outra... A outra quer é que você suma por completo. A outra quer que você encontre alguém que te aceite exatamente desse jeito que você é: estranho, esquisito e misterioso. Me desculpe por não conseguir te decifrar, mas entenda que nem eu mesma me entendo às vezes, como que eu ia entender você também?

Portanto, você - sim, você, nada mais de meu bem ou meu amor, acabou, passou -, eu quero que saiba que eu te esperei sim. Esperei por dias e noites a fio, torcendo pra que num dia de chuva você batesse o interfone me pedindo permissão pra voltar. Não só pra casa, mas pra minha vida. Eu com certeza diria sim, mas hoje eu já não sei mais. A gente aprende a se virar sozinho, né? E eu aprendi, aprendi e não foi pouco. Por conta desse lado, eu gostaria de te agradecer. Mas por conta do outro, eu gostaria de te dizer que nada do que você faça daqui pra frente irá me atingir. Nem mesmo as suas manias estranhas, nem mesmo os sussurros ao pé do ouvido, nem mesmo os 'eu te amo' que hoje eu percebo que foram da boca pra fora. Bem que dizem que é amor até quando deixa de ser. Mas em nosso caso, nem era amor aquilo que vivemos.

Mas não entenda isso como uma forma de protesto anti-amor ou qualquer coisa do tipo. Não, não é isso. Isso aqui só foi a maneira de te dizer que eu andei pensando em você. E em nós. Na nossa vida. Mas já passou. Acabou. Até porque eu não consigo mais suportar essa ausência em minha vida e esse buraco que se instalou em meu peito.

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* Tem mais texto aqui: https://www.facebook.com/amanhatantofaz :)

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