4 de outubro de 2014

Esse texto é sobre você



Desde a primeira vez que te vi eu me apaixonei. Foi instântaneo. Você estava sentada no banco da janela do ônibus, lendo um livro em um idioma que não domino muito bem. Fiz questão de ficar parado em pé bem na sua direção, pena que você sequer me notou. Mas eu não me importei muito não, já que naquele instante o meu mundo estava completo só por saber que você estava ali também. Enquanto dava passagem para as outras pessoas se acomodarem no pequeno espaço que o veículo ainda possuía, eu imaginava como seria a minha vida ao seu lado. E sabe que nada de ruim passou pela minha cabeça? Confesso que isso me deixou um pouco receoso, porque tudo que é muito perfeito não existe. Mas você era real e era nisso que eu tinha que acreditar.

Aquele dia não foi o único que te encontrei. E ainda bem! Durante a semana toda você estava ali, toda bela, se escondendo atrás daquele livro. Tudo o que queria era que você me notasse, sabe? Por isso é que continuei te fitando de longe, continuando a imaginar como seria caminhar na rua com a sua mão na minha. Meio louco, não acha? Pois é, eu também. Eu sempre pensava comigo que deveria tomar coragem pra sentar ao seu lado e trocar uma ideia contigo. Mas enquanto esse dia não chegava, continuei te levando pra todos os lugares que passava nessas músicas que insistem em me acompanhar nas ruas mais solitárias da cidade.

Juro que até pensei em escrever um bilhete tipo quinta série só pra perguntar o seu nome e se você topava tomar um café comigo numa tarde dessas. Depois de sair do lugar escolhido (por você, óbvio), eu te levaria até a porta da sua casa e ali diria tudo isso que vem fazendo morada em meu peito durante todo esse tempo. Talvez você estranhasse, mas talvez você me convidasse pra entrar e escutar algum disco com você. Talvez eu passasse a noite deitado com você, contemplando o seu sono. Talvez eu seria processado por assédio moral, sei lá. Eu só sei que seria hilário demais ter uma mulher como você pra cuidar de mim quando eu estivesse gripado numa madrugada fria de inverno.

Com muito esforço, consegui descobrir que você possui alguns amigos em comum comigo. Descobri o seu nome e também que você cursa Medicina Veterinária na PUC. Descobri que você gosta de algumas bandas indies e foi por isso que aprendi a tirar no violão uma música do The Kooks, só pra te mostrar quando a hora chegar. Tomei nota que você não gosta de adoçante no café e que suco de laranja é apenas do natural. Talvez essa loucura toda da minha parte sirva positivamente para algo. O que eu ainda não sei, quem sabe é a sua vez de me dizer.

Quero que você fique sabendo que a nossa casa eu já providenciei. Ela ainda não foi construída, mas aqui na minha cabeça ela já está toda prontinha. A mobília fica por sua conta, mas a sacada é escolha minha. O caminho é meio sinuoso, mas caso você se perca, eu te guio sem problema algum. Eu nunca troquei uma palavra com você, mas saiba que no dia que eu te ter, não te devolvo nunca mais! Não precisa entrar em pânico, viu? Sou totalmente inofensivo e, diante de tudo isso que já escrevi, eu nunca pretendo te machucar. E se caso algum dia isso acontecer, deixa que eu mesmo cuide de você.

Não te escrevi aquele bilhete que mencionei no começo, mas escrevo essa carta com várias frases indecifráveis. No verso do envelope está a minha chave e ela é sua se você quiser. Tenha em mente que se você aprender a gostar de nós dois, você vai ter pra sempre um companheiro pra assistir aquele seriado que você tanto gosta. Tenha em mente que os filmes de romance não vão ser só mais alguns filmes de romance. Tenha em mente que a sua vida pode ser preenchida com um algo a mais. E isso só vai depender de você.

E então? Topa tomar um café comigo?
Te espero amanhã na porta da sua casa que é pra você não falar não.

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